Como estás zangado comigo desligaste o TLM.
- Que bom!
A vez que te tentei ligar, em que tu não atendeste - porque tens o TLM no OFF - vai ser o meu álibi perfeito.
Vou mesmo agora sair; vou almoçar com quem tu não gostas que eu almoce, ou jante, ou fale, sequer; vou andar por aí a arejar as ideias e não só...
Quando a neura te passar e vieres de "rabinho" entre as pernas a pedires para vires cá a casa; jantares - talvez, depois fazermos sexo, eu vou ter que te dizer que não posso. Que para ti estou como o teu TLM esteve para mim:
- Estou off.
E assim te meto nos eixos.
Sabes bem que não faz o meu género ficar a carpir mágoas de amores frustrados.
Esforcei-me muito para ser a tua eleita!
Eras um homem que eu queria, para mim, há muito tempo.
Tu não o sabias... mas eu trazia-te debaixo de olho...
E assim, desta forma obstinada, como aqui te confesso, comecei a assediar-te - mas com moderação.
Aparecia nos sítios que tu frequentavas; sentava-me em lugares que abrangessem o teu ângulo de visão; vestia-me adequadamente a cada circunstância; e, ia sempre acompanhada por outro homem...mas sem compromisso algum com ele.
Um dia fui ao WC e, à saída, tu estavas à minha espera... fingindo um acaso que não era.
- Dirigiste-me a palavra.
Trocámos TLMs - e foi assim que iniciámos este namoro que agora vai, em velocidade alta, mas sem nos estamparmos...
- Já jantámos; já dançámos; já passeámos; já nos beijámos; já nos acariciámos; mas ainda não fizemos sexo.
Sei que é o que tu mais queres:
- O sexo é o que tu mais queres de mim!
E, porque te quero, muito mais que para sexo, vou relegar o sexo para um lugar, aparentemente, afastado.
- Vamos "petiscando" mas sexo a sério somente quando me amares mais um pouco.
Quero que fiques comigo para sempre.
- Quero-te demasiado e tanto que não te quero perder, pelo sexo.
Faremos isso quando for necessário a ambos - porque nos queremos para sempre.
Estou aqui, sentada, absorta em pensamentos incontáveis, esperando que chegues!
Olho, incessantemente, a porta por onde eventualmente entrarás...
Estás atrasado, como sempre!
Eu detesto atrasos - de espécie alguma.
Remexo-me na cadeira; peço mais um Porto - seco; e não posso fumar!
A inquietação da espera leva-me para pensamentos maus - todos sobre ti.
Revejo todos os teus defeitos; ignoro as tuas qualidades.
Sei que estou a ser, talvez, injusta.
Mas quero lembrar-me, de que não me fazes feliz, por coisas que te seriam acessíveis cumprir, mas não cumpres!
- Nunca chegas a horas a nada; nunca celebras uma data importante no dia certo; nunca te dás nas horas em que espero que te dês; nunca tens desejo nas mesmas horas em que eu te desejo; nunca queres fazer sexo comigo quando sou eu a solicitar-te para o sexo...
Acho que fazes essas coisas porque és uma mistura de machista com negligente!
Acho até que és um individuo egocêntrico, aonde o mundo dos outros tem a importância que te importa a ti, dar-lhe. Nada de confianças de maior...
Estou aqui sentada à tua espera! É o dia do nosso segundo aniversário juntos. Ficámos de celebrar!
- Eu propus-te celebrarmos! Tu anuíste; mas penso que não ligas a essas coisas... Não me ligas o suficiente. És demasiado importante a teus olhos!
Impaciento-me com estas conclusões; peço a conta; pago; levanto-me e saio; arranco com o meu carro...
O TLM toca! És tu. Estás ainda a caminho! Atrasaste-te!
Eu ouço tudo; e com ar cansado, sem disputa na voz, respondo-te:
- Fica para outro dia!
Desliguei o meu TLM. Pu-lo em off! Conduzo absorta nos meus pensamentos...e desilusões...
Também tu estás, para mim, mais off que on!
Estás a "apagar-te" em mim.
Queria estar contigo, hoje, a qualquer hora.
Não marcávamos nada, de especial, para fazermos. Deixávamos a conversa fluir; os gestos acontecerem; os afagos; os olhares meigos; as carícias mais intimas chegarem ao ponto de não retorno...
Quando estivéssemos prontos - um para o outro - eu levantava-me e ia-me embora, de ao pé de ti, na esperança de que me seguisses até aonde eu quisesse que tudo o que me apetecia fazer contigo, fosse consumado.
Queria estar contigo, hoje; a qualquer hora; agora mesmo, se tu quisesses.
Porém sinto dentro do meu peito um aperto que me impede de te ligar; de te cortejar; de me insinuar para ti.
- Não sei seduzir-te! Sinto que não posso.
Fico aqui, sozinha; entregue aos desejos mais selvagens; entregue só a mim.
Gostava de estar contigo; gostava que me abraçasses; gostava de fazer sexo; gostava de repetir mais uma vez, se ainda nos fosse possível...
Hoje queria estar contigo. Queria estar ao pé de ti.
- Queria, mas não posso ligar-te:
Perdi o meu TLM e não sei o teu número de cor...
Talvez nem nos vejamos, mais! Se me não ligares tu, talvez que nunca mais nos falemos!
Éramos só amigos ocasionais; e, de vez em quando, fazíamos sexo... De ti só tinha um número de TLM e um petit nom.
- Qual será teu verdadeiro nome?
Sinto um aperto no peito; perdi o TLM; perdi-me de ti.
Hoje estou para aqui, a pensar em ti - o meu ex-amado, já despromovido.
- Um dia naquela viagem, que era para ser de celebração, da data do nosso namoro, de repente, por motivos externos, discutimos e já fizemos o caminho do regresso, em silêncio e ruptura.
Eu era louca por ti! Eu era uma verdadeira "cachorrinha" que te ia comer à mão; e que ansiava pelas tuas festinhas; e que adorava que me sentasses no teu colo; e me afagasses o cabelo...
- Eu entregava-me a ti de alma limpa; corpo oferecido; gestos generosos; inteira.
Mas, naquela viagem, que era para ser de passeios; excessos gastronómicos; fantasias sexuais; muito sexo; sexo de manhã, á tarde, á noite, e enquanto aguentássemos - tu, aquele homem por quem eu era uma teenager inconsciente; fã absoluta, decepcionaste-me, fatalmente.
O teu TLM é, neste desenlace, o teu maior inimigo; e tu és fanático e dependente dele; e vitima dele.
Éras capaz de te levantar da cama, a meio de um episódio de sexo, para ires ver quem te estava a ligar; e, ou vias e não atendias; e, ou vias e mandavas MSG,... e, voltando para a cama, recomeçavas tudo de novo, e dizias com ar enfastiado...
- Desculpa "fofa", coisas de serviço. Mas já os despachei...
Nesse dia em que te despromovi, eu fui uma mistura de inconveniente e de arrojada, e acho que fiz bem.
- Quando após uma tarde deliciosa; de passeio; de carinhos; de carícias; de beijos de toda a ordem, já no hotel, o teu TLM tocou, eu, aproveitei tu estares na casa de banho, e vi o que se passava, com aquele telefonema, que tanto te trazia sempre de guarda ao TLM...
E li a MSG que estava a chegar e que dizia assim:
- "Então meu "fofinho traidor", por onde andas? Estou à tua espera. Beijo-te todo. Cláudia"
Eu fiquei uns segundos quase para desmaiar. Mas recuperei a serenidade; e, quando saíste do banheiro, atirei-te com o TLM á cara, com toda a minha força e desdém; e disse-te que comigo não havia mais conversa; mais passeio; mais nada, de nada. Que estávamos com tudo acabado. Comecei a fazer as malas e tu não me demoveste.
Voltamos; deixaste-me à minha porta; sem um beijo; tentaste ligar-me duas vezes; eu não te atendi. E assim terminámos uma relação que, da tua parte, era uma farsa.
- Andavas comigo; fazias sexo comigo; dizias-me que me amavas!
- Andavas com outras; estavas sempre de cabeça no ar atento ao TLM; estavas sempre em contacto com elas; fazias sexo com elas.
Não te perdoo, até hoje, essa tua falta de carácter; e o que mais me custa foi que me fazias de "palhaça" e de pateta.
Ainda bem que a porcaria do TLM se partiu, todo, quando te atirei com ele. Esmacacou-se, tal o impacto ao cair no chão...
- Quase me ias matando por isso!
Espero que tenhas, cada vez menos, oportunidades de conquistas. A idade também conta, nessas matérias.
- E o dinheiro e o poder, ainda contam mais. Atraem as "piranhas".
Hoje em dia não tens nada disso... e a idade avança. Estás gordo e és careca.
- Será que ainda "montas" guarda permanente ao TLM?
Julgo que não. Ele não tocará já, tanto, amiúde. Acho que na actualidade serás um homem só. É a vida!
Olha! Com humor te digo:
- Reclama para a PT!
Recordo hoje, de como eras uma abusador!
Eras abusador porque, a determinada altura, deixaste de me respeitares. È certo que não me batias nem me maltratavas - fisicamente falando...
- Temos que ser sérios naquilo que dizemos! Mas, insisto que eras um abusador...
Eras abusador quando nunca cumprias, uma única promessa, das muitas que fazias; eras abusador quando mentias, por quase tudo; eras um abusador quando te punhas a falar ao TLM, afastado de mim, para eu te não ouvir, a mentires a outras; eras um abusador quando vinhas jantar e me deixavas sozinha, depois e logo a seguir, a lavar a loiça e arrumar; eras um abusador quando fingias ainda sentir amor por mim; eras um abusador quando fingias que dormias, para não fazeres sexo comigo; eras uma abusador quando ficavas na net, até de madrugada, em chats de engate; eras um abusador quando te "desfazias" em gentilezas, com as outras mulheres, na minha frente; eras um abusador quando não me apresentavas aos teus amigos, sistematicamente; eras um abusador quando te fechavas num motismo aterrador; eras um abusador quando eu te ligava e tu não atendias, durante horas a fio, e sem qualquer motivo plausível; eras um abusador quando te elegias a "vitima" do mundo e solicitavas todas as atenções, que não merecias, mas exigias; eras um abusador!...
A lista vai grande e muito, mais, haveria a dizer para te retratar!
Com vês e ficas assim, desta maneira, a saber, não é preciso bater em ninguém, para maltratar esse alguém. Há coisas que doem muito mais, que bofetadas. Há coisas bem mais duras, que maus tratos físicos.
- As coisas que maltratam a nossa Alma, essas são dores que não se desfazem com analgésicos. Ficam dores crónicas.
Ainda assim, ainda bem, para ti, que nunca ousaste bater-me em sentido literal. Não sei o que faria contigo!
- Mas isso não te iliba, só por si, e te transforma num homem doce e confiável.
Havia momentos em que eras extremamente violento. Tinhas atitudes e acções de uma violência brutal - de violência psicológica - que me destruíam e me atiravam para o "balde do lixo"!
- O "teu" lixo! Era assim que me fazias sentir!...
Só espero que te emendes. Para teu bem; e para o bem daqueles ou daquelas, que, desprevenidos, te possam cair por perto.
Eu já não corro esse risco! O tempo afastou-nos; e ainda bem.
Quando comecei a conhecer-te melhor, pude verificar que fazias coisas inenarráveis!
- Eras um homem tão inteligente, por um lado; e tão estúpido por tantos outros, que chegavas a ser patético!
A partir de dada altura passaste a ser, para mim, um quase "estudo de caso".
Tu aprontavas o que aprontavas; eu, cá para mim, tentava constatar se procederias como eu acahava que, nessas circunstâncias, o farias:
- E raramente me surpreendias! Quando tinhas procedimentos miseráveis, ias até ao fundo do inferno e fazias tudo o que te desse na "mona", sem te importares com quem estava a teu lado...
Recordo aquele dia em que foramos jantar lá para os lados de Sesimbra.
Comemos, bebemos e fomos dar, depois, uma caminhada na praia.
Voltámos, passada meia hora, à marginal, em direcção ao carro, e, aí, em frente a um dos cafés, ainda abertos, desataste a correr como se te tivesse dado uma cólica intestinal e tivesses que ir rápido à "casinha"...
Fiquei cá fora a aguardar-te.
Passaram quinze minutos e tu não vinhas; entrei e coloquei-me em frente do WC na ânsia de te ver sair; passava já meia hora, e tu ainda lá dentro...
Preocupada e expectante - porque ninguém entrava nem saia - eu abri a porta...
- E, estavas enlevado a falar com alguém, com palavras derretidas e melosas - de costas para quem entrasse.
Não me viste e eu não te disse nada.
Voltei cá para fora, para o frio e o escuro da noite, e a tentar refazer-me daquilo que se estava a passar ali, connosco.
Quando passada mais meia hora saíste de lá, disseste-me que estiveras mal disposto - mas sem grande convicção nem teatro.
E pediste desculpa pelo tempo que passara, como se tudo fosse só normal.
Eu, não te disse nada.
- Afivelei o meu ar inacessível; caminhamos para o carro, em silêncio, absoluto; encetámos o regresso.
Com o frio; a indignação; a raiva; as curvas da serra - na vinda, comecei a vomitar, a vomitar, a vomitar...
Paraste e fomos para um café para eu tomar uma água e serenar o estômago.
- Que a Alma era impossível!
Nunca falámos disso que eu vi que fizeste; nunca soubeste que eu senti repulsa de ti; durante dias não te falei; nunca fizemos sexo nem houve qualquer intimidade entre ambos, nos tempos mais próximos; e elegi o TLM como o "inimigo" número um da nossa relação.
Quando me vias, assim, penso que lá por dentro sabias que eras tu, o motivo de eu estar tão ressabiada e distante! Penso que te questionarias sobre o que é que eu sabia, ou não sabia, para estar assim!
Mas, também, nessas alturas, e chutando a bola para cima, como era teu hábito, tu, depois, insinuavas que eu tinha um grande mau feitio. E resolvias as coisas assim!
Hoje, que me recordo de como eras um lamentável doidivanas e um patético traidor, quase me apetecia perguntar-te:
- Quem é que, dos dois, tinha mau feitio?
Mas essas disrupções, comportamentais, tuas, só me feriram durante algum tempo.
Mais para diante, considerava-te - como já acima disse e escrevi - um perfeito"estudo de caso;" e, ainda, de vez em quando, se tenho um pesadêlo em que tu entres, existe sempre, e também, um TLM.
Anda por aí um grande movimento contra o uso obrigatório de "chips" nos automóveis.
Eu também, em espirito, sou contra tal medida. (Embora afirme que não me perturba nada que saibam que eu vou passar, em determinado sitio, a determinada hora, pois que não tenho nada a esconder sobre o meu percurso.)
E também não me perturba, tal facto, porque eu sei muito bem, que já estou «controlada,» por todo o lado onde passo ao longo de todos meus dias.
- Estou controlada quando uso os meus cartões Multibanco. Quer pagando uma refeição, ou comprando uma roupa, ou indo a uma consulta médica, ou seja, tudo o que quer que eu pague com ele.
Seguem-me o rasto, os gostos, as opções...
- Estou controlada quando entro num centro comercial; ando de elevador; vou a um ginásio; ando de metro; ando em determinadas ruas;
Observam-me os passos, os gestos, os movimentos...
- Estou controlada, quando entro na minha casa, ligo a Net ou a TV, e, passado um pouco me começam a ligar das operadores para me venderem «serviços» em campanha, pois sabem que estou «on»...Controlam-me as ausências e as permanências; os gastos de uso; as opções de consultas de sites; o que escrevo ou publico nos meus blogs,...
- Estou controlada pelo fisco, que tem acesso às minhas contas bancárias; sabe o rasto das minhas poupanças; dos meus gastos; dos meus créditos;
Tiram-me os impostos que querem, quando querem, e sem me pedirem opinião... e sempre mais....todos os anos, sem contemplações.
- Estou controlada por toda a gente que tem TLM; que me pode fotografar ou gravar as conversas, sem que eu me dê conta;
Fazer com isso tudo o que lhe aprover; chantagear-me; divulgar-me indevidamente;gravar-me um CD com fotoshop distorcendo-me...
- Estou controlada e exposta de manhã à noite e mesmo a dormir... É uma gigantesca e emaranhada teia de controlos!
Enfim e por fim concluo assim:
- Apesar de eu ser, absolutamente, contra a exposição pública, da minha privacidade, eu já não posso controlar, hoje em dia, esse processo.
Basta-me ter um TLM, um cartão Multibanco, acesso à Net, andar na rua,... para que haja imensa gente a espiolhar-me e a poder, se o quiser fazer, «abusar» de mim.
- Logo a privacidade, no mundo actual, é uma coisa, já e só, do passado.
Quer queiramos, quer não o queiramos, é assim que as coisas se passam.
O resto é só mais um «esbracejar,» justo, da «presa» - sem quaisquer resultados positivos a seu favor. Está refém da teia!
- É o «esplendoroso» mundo hostil do Big Brother.
Alguém com um minimo de respeito por si próprio, e com isenção moral e politica, achará «bem» a atitude reprovável de um deputado do PS, que roubou os gravadores aos jornalistas que o entrevistavam?
Alguém de bom senso poderá achar normal que o Presidente do Grupo Parlamentar do PS venha fazer o elogio público das capacidades desse deputado, como deputado e cidadão e após uma atitude deste tão disrupta e tão marginal?
Como tudo isto é tão impróprio e tão indigno, em pessoas que deveriam ser modelos de boas maneiras e do respeito pelas regras da democracia e das leis da República, eu deixo só o meu protesto e sem mais quaisquer comentários.
Não consigo digerir tanta indignação. E também acho que já nem vale a pena.
Ps: Lembram-se, certamente, do caso da rapariga a quem a professora tirou o TLM e de como ela, a rapariga, reagiu!
Em que é que é que a atitude deste deputado difere da dela?
- Em nada!
São reacções "marginais".
...
- A nossa paixão fenece...
No outro dia foste desagradável comigo. Ficaste de me ligar e de me dizeres a hora a que nos encontraríamos, nesse fim de dia, para irmos ao teatro, e, depois, talvez, cear...
- Mas as horas passaram e nada de nada me disseste, de todo!
Nem se íamos, nem se não íamos! Nem por e-mail, nem por telefone nem por TLM e nem no MSN me “apareceste” o dia inteiro... e estive, sempre, online.
Quando, já em cima da hora, e perdendo toda a compostura e dignidade pessoal, te liguei, a perguntar porque não me tinhas dito nada, tu, com maus modos, retorquiste:
- “Tentei Rita! Várias vezes! Mas tinhas o TLM ocupado!... Só que, ainda assim, era para te dizer que hoje não dá para irmos a lado nenhum, juntos. Não posso!”
Eu encaixei, como consegui, e, todos aqui sabemos que não me ligaste. Não tentaste sequer. Estavas na “moita”, com outros planos, e sem coragem de mo dizeres.
Fiquei com “cara de galinha a debicar na rede;” tão feita estúpida, com a tua atitude igualmente estúpida, que, até agora, e já lá vão dois dias, de cada vez que me tentas vir falar, com falinhas doces e mansas, eu evado e digo-te:
- Agora meu querido, desculpa, mas neste momento estou muito ocupada! Mais tarde te ligo... (e não o faço!)
Desta forma mais que banal, te farei compreender que não tenho qualquer apetência para o sofrimento - por coisas que não quero e não merecem a pena. Há questões mais importantes na vida! Há um mar de oportunidades à minha espera, que devo aproveitar!
- Gostas de mentir e de seres um estúpido, nas tuas atitudes, para comigo?
Problema teu. Sabes bem que já sou «crescida»; que consigo sobreviver a quase tudo...
Bom fim-de-semana, para ti, e depois te ligarei, quando me der jeito.
Ps: Rita clicou em «enviar» e ainda pensou:
- Rita não atura malucos, sem lhe pagarem consulta.
- Não é por acaso que te sentes estupefacta e meio divertida, Ritinha! Que te sentes como se o mundo girasse em teu redor - e só por ti e para ti! Há muito que não vivias nada parecido! Nada de tão surreal! Nada tão louco!
- Um homem, giro, com ar viril, bem na vida, com profissão e emprego, que te bate na janela do restaurante onde almoças, que te faz sinal para esperares um pouco - tu via-lo ao TLM, “outside” - e que vai daí, entra para te falar e,...
Entrou, apressado, sentou-se e disse, assim, de sua autoria:
- “Estou livre, Rita! Sem namoradas! E agora que estou livre, temos de aproveitar! Há que tempos que adiamos este romance que merecemos! Agora há que aproveitarmos,... Temos que sair, ir passar uns dias a uma pousada... e fazer sexo, muito sexo, no fim-de-semana! Ainda tens o meu número?
- É melhor dares-me, de novo, o teu, porque já sei que depois não me ligas!... E tens os teus namorados... e à noite desligas o TLM!...”
Rita está a contar este episódio, aqui ao seu «Diário», porque Rita conhecia, já, há muito, este Senhor Doutor, meio louco e meio excêntrico e médico a tempo, quase, inteiro. Visto assim sem mais detalhes, parece uma pessoa equilibrada e normal, mas... lá mais para a frente, mesmo que esse “à frente” seja perto, começa a notar-se-lhe, na personagem, alguma coisa de estranho... algo de loucura e algo de uma dislexia mental que perturba o mais aberto - o que é o caso de Rita - a cenários improváveis e algo esquizofrénicos... Sim, Rita é fascinada por certos patamares de loucura!
Rita lá ouviu o que ele lhe quis dizer, levou na boa, e para a brincadeira, a sua abordagem; disse-lhe a tudo que sim e deu-lhe, pela, talvez, quarta ou quinta vez, o seu número de contacto. Sem problemas e sem indignações, postiças...
Rita acabou o seu almoço e saiu, apressada, para os seus afazeres, e, o seu «admirador,» mais que antigo, deu-lhe um beijo, quase na boca - que Rita desviou com elegância - e, o “Doctor,” com ar de alguma premência estampada no seu rosto, atraente, ainda acrescentou:
- “Esta noite ligo-te, sem falta,... para namorar-mos um pouco... Aí pelas dez, ligo-te! Tem o TLM aberto!”
Rita lá seguiu, o seu caminho, e, como já sabia, por outras vezes iguais, até hoje ele nunca ligou para o seu número de TLM, e nem voltou a encontrá-lo mais, até agora!
Mas, Rita adora este homem: louco, médico competente, e desequilibrado, na vida pessoal...Por vezes interroga-se, até, como sendo ele um médico com uma especialidade tão exigente e difícil, consegue gerir a sua faceta louca e ser um bom profissional!
Ainda assim, e apesar de tudo, Rita sabe que ele tem uma fixação, em ir para a cama, consigo, e que como Rita não lhe dá bola, porque não quer, ele vem vindo, a jogo - de vez em quando!...Tenta!
Resumindo: - Rita adora estas cenas malucas, que ele lhe apronta. Diverte-se o mais possível!
...
...
- Sim estou a ouvir-te e estou muito ocupada...e, fica claro que não aceito! Não posso.
- Por mim, voltava já para trás! Não trabalhava, não ia hoje para lado nenhum. Ficava no meu «canto» e se me apetecesse lia, cantava alto e afinada, canções ligeiras que falassem de amores felizes; fazia flexões no tapete estampado da sala de estar; e conversava contigo, todas as vezes que me ligasses...
-Já te deste conta de que me ligas, quase de hora a hora? E ás vezes é só para saberes se estou bem?!... Só para meteres conversa?
E eu respondo-te o mesmo que te respondi há uma hora atrás:
- “Sim meu querido, estou bem, mas disse-te o mesmo, ainda há pouco; e o mundo aqui é muito monótono; está tudo igual”...
- E tu, que pareces tímido, mas eu sei bem não o seres, repetes com voz quase imperceptível e algo dengosa:
- “Pois é amor, mas deixas-me ansioso. Gostava que deixasses tudo, agora, e viesses ter comigo... íamos por aí fora e eu raptava-te e sabe Deus que mais faríamos! Ainda íamos presos e tudo! Ainda éramos capa de jornais de "fofocas" por bons motivos”...
Nestas conversas, sobre futilidades, (sobre nada) e namoros, Rita acaba por se desconcentrar! Quando desliga, promete a si mesma, que não voltará a atender o TLM: a ninguém!
Rita gosta de devaneios mas guarda-os para as horas apropriadas. E agora não é essa a hora. Ainda por cima, hoje, como todas as quartas-feiras, Rita tem um dia cheio, a dobrar. Tem imenso que fazer em vários lados. Yes!
Rita pára tudo, desliga de tudo, e concentra-se no essencial; que neste instante, é trabalho. Só mesmo trabalho!
- Os namoros e as conversas inúteis e fúteis, irá guardá-las para o seu “overtime”...E pensa até em “ cobrar” honorários pelo tempo extra...Tipo assim: - Uma hora de conversa com o seu namorado, terá como “pagamento"em géneros - dois beijos, uma festinha no cabelo e um convite para jantar e sabe-se lá que mais!...(tudo a preço de saldo)
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