Entreabriu a janela do seu escritório, acendeu um cigarro, e, ficou-se ali, puxando fumaças e pensando na Vida.
Para não variar pensou naquilo que, quase sempre, pensava:
- Pensou nas suas paixões, todas - antigas, recentes, e, presentes!
Era, foi e será, uma mulher de paixões.
Não se arrependia de nada, do tudo, o que viveu por paixão.
- Os sobressaltos; os arrebatamentos; o prazer; o desejo; o sexo; a desilusão do sexo; as controversas etapas dos vários fins das várias paixões.
Concluía sempre o mesmo:
- Uma mulher de paixões tem muito que contar.
É isso a memória. A história das nossas paixões.
O cigarro acabou-se e a evasão com ele.
Voltou ao trabalho.
Desde que o conhecera andava inquieta!
- Havia qualquer coisa, de desagradável, no seu olhar azul, da cor do céu.
Era uma mulher que gostava de "olhares" doces. Este não o era, para seu mal.
Sentia-se por isso inquieta.
- Gostava de se lhe entregar - de corpo e só corpo.
- Gostava de experimentar, com ele evadir-se, e voltar ao seu modesto viver.
Não estava com um homem hà tanto tempo!...
E, perdida nestas considerações, reparou que estava atrasada para o seu primeiro encontro, "romântico," com ele!
Desceu as escadas a correr; entrou no carro; ligou o carro... que não funcionou.
Ficou frustrada e ligou-lhe para o avisar.
- Ligou uma, duas, três vezes. Nunca atendeu.
Voltou para casa, e, passados três dias ele ainda não tinha ligado. Não disse nada de nada!
Concluiu que tinha bons motivos para se inquietar.
Aquele olhar azul não era doce. Era tudo menos doce.
Uma Mulher é muito mais que um simples objecto de desejo!
Uma Mulher pensa; sonha; deseja; exige; dá; ama...
E nesta música temos uma mulher que canta bem; e fala destas coisas.
PS: Abre este vídeo e escuta com atenção esta música.
Se fores Mulher combate o ponto de vista de que basta que sejas "apetecível". Cuida bem da tua cabeça e do teu corpo. Mas não sejas "só uma imagem".
Esta música e este poema são intemporais...
- Também Juliette Greco.
Cantou esta canção em jovem - e foi um enorme e arrebatador sucesso.
Porém, há tempos, veio ao CCB, e, com oitenta anos e uma performance espectacular, cantou-a também; e encantou todos os que lá estávamos.
Não há tempo quando o Tempo é a nosso favor.
Quando temos o prazer de fazer na Vida aquilo de que gostamos.
Julitte Greco foi e é uma mulher com sorte.
- Tem tido uma Vida muito cheia de tudo e plena de coisas boas.
E a canção termina assim:
- Despe-me; despe-te...
PS: Tenham uma boa e santa noite.
Gosto deste poema; desta voz; desta música...
Esta mulher canta bem, tem boa presença; é bonita e é fadista.
PS:
Abre este vídeo; escuta este poema, com muita atenção; saboreia esta voz, doce e de fado, "à séria".
Fica bem e tem uma noite cheia de coisas ao teu jeito. Que te recompensem.
Sê divertida e boa companhia; e tudo se comporá... como mereces.
Esta música é um hino à beleza da mulher brasileira.
Eu adoro estes dois senhores que aqui cantam.
Boa música e um poema inspirado é o melhor que a vida pode dar-nos ... entre muitas outras coisas ao dispor.
Bom resto de fds.
Estava agora possuída pelo despeito.
- Sabia que me traíras... E traías.
Nada do que sonhara para mim era agora já possível. Sentia-me como um trapo velho, atirado para o canto dos monos dispensáveis.
Eu sei que, de alguma maneira, merecia bastante as tuas traições.
Com os anos fui-me desprezando; ficando feia por fora e por dentro.
- E, como pode uma mulher, com esta consciência de si, dar algo de bom a alguém?
Foi por isso que me traíste e trais. Não te dou nada.
- Nem conversas; nem apoio; nem companhia; nem sexo; nem amor; nem amizade.
Sou uma "coisa" que de si mesma tem a pior das ideias.
- Uma "coisa" sem alma e sem sexo! Sem charme nem chama...
E, como tal, o meu despeito vai obrigar-me a ser má. Vou ser má contigo e com todos.
Sou uma mulher despeitada. Sou má.
No meu pensamento, hoje, estão todas as mulheres.
Todas as que nasceram mulheres;
Todas as que cresceram e foram mães;
Todas as que não puderam ser mães;
Todas as que não quiseram sê-lo;
Todas as que perderam filhos;
Todas as que hoje não têm os filhos por perto;
Todas aquelas a quem os filhos não dão valor;
Todas as que são bem amadas... e, especialmente, todas as mulheres que conseguem fazer das suas vidas tristes e cheias de problemas, vidas úteis e satisfatórias.
Um grande e conivente abraço para todas vós.
Ser mulher é uma distinção.
Aproveitemo-la ao máximo.
PS: Esta música é para nós todas.
Basta que cliques...
Éramos agora dois náufragos à deriva pelo oceano do nosso fracasso...
- Toda a nossa história de vida conjunta era um somatório de derrotas e desilusões.
Eu fracassei porque inventei para ti uma mulher que não sou.
Tu fracassaste porque acreditaste em mim como mentira.
- Tu gostavas dessa mentira.
E assim, desta forma absolutamente mentirosa, a nossa relação passou a nada.
Neste momento em que te escrevo tenho um rol de zeros para rever...
- Zero em saudades;
- Zero em amor;
- Zero em sexo;
- Zero no crer.
O nosso naufrágio era inevitável.
Os despojos são iguais a zero.
De nós nem pó restou.
Fomos engolidos por um tubarão que gosta de se alimentar de corpos mentirosos...
- Corpos de um homem e de uma mulher que já não são nada, de nada, um para o outro.
Tal como diz na canção, "hoje não vais trabalhar, porque hoje é Dia do Trabalhador"!
Hoje é Dia da Mulher e eu, como sabes, levo esta data a sério:
- Mimo-me todo o santo dia!
Agora é assim! Deu-me para isto.
Levanto-me; embelezo-me; desapareço e vou para onde me apetecer.
Vou sem ti, porque não quero que me estragues o momento de celebração!
Dizes que és contra!
- Nem parabéns; nem flores; nem presentes; nem, sequer, um almoço, mais requintado, num sítio com bom estilo... pago por ti.
Eu já fui parva e já fiz de conta que isso me não magoava. Mas "cresci"!
Por isso, hoje não tens almoço feito por mim; não tens conversa nem sexo; não tens nada de meu.
- Não me tens!
Vou sair por aí, e, talvez, namoriscar com alguém que me apaparique... Se aparecer esse alguém, assim será!
No fundo é o mesmo que tu fazes nos outros dias todos, quando andas por longe de mim.
- Para as outras és todo mesuras e gentilezas!...
Se calhar até lhes dás os parabéns no Dia da Mulher!
Se queres alguma coisa de mim, tipo sexo ou outra coisa do género, não te vistas de mulher!
- Lá porque é Carnaval, não te reinventes, para mim, de ninguém que se me assemelhe!
Mulher sou eu! Não basta?
Essas coisas dos disfarces destroem-me a líbido; dão-me cabo do desejo!
- Já viste como é horrível, de ver, homens aos bandos em sutiã, cabeleiras louras e meias de rede esburacadas?!...
- Como esse quadro indigente e repetitivo pode traumatizar uma mulher na hora de se deitar com um homem?
Por favor, se vens ter comigo; se vens com ideias de sexo, comigo; se vens para celebrarmos o "nosso" Carnaval - vem, simplesmente como és:
- Vem com essa cara de safado; esse corpo de homem gostoso; esse cheiro a ti, tão peculiar; e, mais nada.
Vem assim mesmo e só; e sem disfarces.
Isso já me distrai imenso e já me faz sair do sério. Já me faz ser festivaleira e carnavalesca...
Podes então vir; fazeres aqui o "teu e o meu" Carnaval.
- Ambos sem máscara.
Vem, mas por favor não te vistas de mulher! Não te vistas...
Olhei para ti, sentado e fumando, em frente a uma bica, numa mesa de café, lá ao Chiado; e pensei cá para mim:
- Este homem mexe comigo! Quero este homem na minha cama.
E olhei para ti, olhos nos olhos; olhei insistentemente; olhei até que me apeteceu.
Vi que estavas intrigado; inquietado; excitado, talvez.
Puxei da minha mala o batom; retoquei com calma estudada, os meus lábios bem desenhados, numa cara alegre e meio gaiata; guardei o batom, de novo; acendi um cigarro, e, saí sem te voltar a olhar.
Caminhava segura, pela rua acima; e na esperança de que me seguisses.
- Tal não aconteceu.
Sei que desejaste, tanto como eu a ti, desvendares os meus segredos; os meus recantos mais íntimos; o meu corpo inteiro; o meu sexo.
Segui no meu carro; conduzindo; ouvindo Diana Krall que sussurrava, numa voz dolente, coisas de amor e sedução.
Esqueci-te antes de chegar a casa.
Foi um impulso apenas e só, da minha libido - sempre atenta às situações, mais interessantes, de a satisfazerem...
Sou só uma mulher normal. Que tem impulsos e apelos brutais.
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