Telefonei-te, logo cedo, para o teu escritório e disse-te assim:
- "Ambrósio hoje apetece-me algo"...
E tu que és um grande divertido; um compincha, cheio de humor, entráste na onda e respondeste-me:
- "Senhora minha, tomarei a liberdade de a raptar; levar a almoçar; dar-lhe a beber um bom vinho tinto; e, depois deitá-la na minha cama, aonde a cobrirei de beijos e aonde espero ser devidamente retribuído, da mesma maneira, por si.
- Quer o Ambrósio, tem o Ambrósio ao seu dispor!"
E eu que também sou divertida, mais vezes do que as pessoas pensam, respondi-te:
- "Ambrósio" não precisa de exagerar; nem extravasar funções; nem esbanjar tempo e dinheiro. Hoje almoçamos em casa; eu sirvo você; eu serei sua mordoma e serei sua Lady.
- Pela uma da tarde venha; e traga o vinho; o corpinho; será obrigado a trabalhar árdua e duramente - extra funções e sem remuneração alguma.
E pronto! Almoçámos; bebemos; rimos; fizemos uma tarde de muita borga e sexo:
- Tu de mordomo e eu de Lady - sem ser gaga...nem trôpega.
Quando olhámos para o relógio já eram quase quatro da tarde; vestimo-nos a correr; demos dois beijos a correr; fomos cada um para seu lado.
No elevador, ainda me disseste:
- "Sabes que és uma depravada? Sabes que ficas bem nesse papel? Podes chamar-me "Ambrósio" sempre que quiseres "sex and fun". Eu fico logo pronto, para te servir, na hora."
Piscaste-me o olho e entraste no teu carro; e eu no meu. Ainda acenámos e atirámos beijos...
Quando cheguei ao escritório ocorreu-me fingir que estava com dor de cabeça. Pedi um chá; bebi o chá; trabalhei com imensa vontade, até tarde.
Quando me vias mais triste, tu, como eras um homem sincero e muito meu amigo e muito apaixonado, por mim, tentavas, com o teu sentido de humor e grande oportunidade, tirares-me dessa zona de desconforto, momentâneo, em que me encontrava; e, com um tom, algo irónico, dizias-me assim:
- "Pequenina"! Olha para mim, olhos nos olhos; e fala-me da tua juventude: fala-me dessa época em que eras uma "teenager" à solta, pelo mundo das descobertas...
E eu, com olhos brilhantes, olhava-te e respondia-te assim:
- Não posso falar-te disso! É pecado. E ria-me e fingia-me apavorada, ao mesmo tempo.
E tu enveredavas pelo tema e retorquias:
- Pecado? Como assim?
E eu desbobinava, já descontraída e na brincadeira...
- Aonde eu cresci, para a Vida, tudo era pecado!
- Pensar era pecado; pensar em homens era pecado; vestir minissaia era pecado; andar, a bambolear as ancas, era pecado; sentir desejo era um grande pecado; ter alegria, com coisas fúteis, era pecado; rir alto era pecado; ser atiradiça, era um pecado mortal; falar com rapazes era um grande pecado; dançar, agarrada a um rapaz, era motivo para excomunhão...
E, como vês, a lista vai longa e ainda não acabei. Nesta lista, a palavra sexo era, uma desgraçada, "asneira," impensável - de ser dita; feita; imaginada. Sexo era uma palavra maldita. Colocada no "index" do léxico oficial, pelo regime.
E assim, desta forma que te conto, vê tu, meu querido, como a tua "Pequenina", sem o saber, viveu em pecado, na sua juventude. Juventude essa, mais que recatada à força...
No entanto, os meus maiores pecados eram os da desobediência; da subversão dos conceitos, morais, impostos; da rebeldia.
- Sim eu era rebelde! Usava minissaia, quando tirava a farda do colégio; conversava com rapazes; pensava em beijos que nunca dei; e mais não ousava pensar, nem fazer porque temia as consequências...dos que mandavam em mim.
Era uma pecadora oficial, sem o saber. Era uma pecadora sem pecados.
E por causa disso tudo, eu, hoje em dia, sei que faço muito do que gosto e me dá prazer, pelo prazer que sinto, em transgredir. Em pecar.
- Da minha juventude eu guardei, até hoje, uma enorme atracção pela transgressão.
Se peco ou não, não o sei. Hoje em dia eu não acredito nem em Deus e nem no Pecado.
Mas, ainda assim, nunca fui presa e nunca matei nem roubei ninguém. Também não invejo; nem vivo sem trabalhar.
- Serei, mesmo, mesmo uma transgressora e uma pecadora?
E tu rias-te; e tu acarinhavas-me; e eu esquecia-me de que estava triste; e se sexo é pecado, nós íamos pecar, pecar, pecar... a seguir, até nos cansarmos...
Nem tu, nem eu, éramos grande coisa, embora que por motivos diferentes:
- Enquanto que eu era e sou uma emotiva, e uma espontânea, latina, tu eras calculista, frio, e usavas tudo e todos como se fossem teus bens próprios. E eu sabia como tu eras; e vivia contigo, ainda assim; e tu criticavas a minha forma de ser e estar, porque, dizias, me prejudicava, mas gostavas de estar comigo - afirmavas-mo tu.
E desta forma bizarra nós construímos a nossa relação com algum indice de bem-estar e um pouco louca.
Não estávamos perdidamente apaixonados mas éramos felizes com o que tínhamos.
Quando tu ficavas mais solto; menos espartano; menos Opus Dei, eu conseguia de ti coisas que me davam um duplo prazer:
- Davam-me o prazer real das coisas boas; davam-me o prazer de te ver quebrar as tuas regras de homem rígido e da Crença.
Eu - disse-to logo que nos conhecemos, não me regia pela fè em Deus, mas tinha um quadro de valores que me obrigava a andar na linha, sem medo de desobedecer a um Ser Superior, chamado Deus.
Tu rias-te e dizias-me que me haverias de converter. Que tinhas argumentos para me converteres: e falavas a sério!
Mas, quando nos deitávamos, naquelas tardes em que tu tiravas para me "converteres", eu - repito - desencaminhava-te do teu Deus e ficavas tão ateu como eu; e tão crente como eu, na terapêutica religiosa, que eu te aplicava pela via do sexo.
- Duma forma provocadora; duma forma brutal, dizia-te que Deus não sabia das coisas do sexo; que Deus não fez sexo; que Deus não podia condenar o que não experimentou.
Tu, então, dizias-me assim, de uma forma algo oportunista e algo irónica:
- Talvez tenhas razão, "Pequenina"; por algumas horas vou tirar Deus da nossa cama; vou dar-te aquilo que queres. Deus diz que devemos ser generosos!
E davas-me tudo o que eu queria, nessas horas:
- Davas-me um homem livre e liberto; que sabia o que fazer com uma mulher, na cama; que sentia prazer em transgredir; que se dava; e se sabia dar, às coisas do sexo.
Fomos muito íntimos nessa nossa vida de transgressão; e, quando bebíamos uns copos, a mais, antes de nos deitarmos, (para descontrair), tu, já completamente solto e esquecendo Deus, por inteiro, dizias-me com muita graça e oportunidade:
- Vem cá! Agora mando eu e é assim... (E punhas música, africana; e dançávamos, dançávamos;e enquanto dançávamos tu ias repetindo:)
- "Boquinha com boquinha; bundinha com bundinha; e muita sacanagem"...
E ríamos e dançávamos e voltávamos a rir...E pronto! Estávamos no ponto certo - passávamos ao quarto...
Eram momentos de muito calor; humor; descontracção.
Nos dias em que estavas com "a telha," as coisas azedavam-se entre os dois.
Tu sempre foste um homem, de humores e de amores:
- Humores, instáveis; amores, em cada esquina de rua.
Mas eu apaixonei-me por ti, na primeira vez em que nos deitámos; me abraçaste; me beijaste; me percorreste o corpo, dos pés à cabeça, com as tuas mãos de príncipe alado...(De quase padre!)
- Sim! Eu adoro fazer sexo contigo; adoro as tuas mãos, de veludo; adoro as tuas palavras, a raiar o insulto, em latim, nessas horas.
Contigo, quando fazíamos sexo, do bom, eu aprendi a dizer asneiras, em Latim!...
- Dizias-me que te dava mais "pica"- porque as aprenderas no seminário, antes de seres o que hoje és: um advogado de sucesso; de humores; de amores; com mãos de veludo; e, um vasto repertório, de asneiras, em Latim, que aplicas na nossa cama e nas outras - julgo eu - aonde te vais deitando... a eito.
Mas, nos dias em que estavas com "a telha" as coisas azedavam-se entre nós:
- Tu ficavas sem graça; entravas pelo campo da Filosofia adentro; filosofavas, filosofavas; eu ficava ali, despida, à espera que descesses da estratosfera; e, desistia.
Quando apanhavas de novo "o trem do amor" eu já não estava para aí virada. Levantava-me e dizia-te assim:
- Olha! Vai com Sócrates; Platão; Diógenes; Heraclito e mais esses todos, por quem te perdes de amores, para o deserto e perde-te por lá, com eles. Não me aborreças com Filósofos na hora em que devias estar a filosofar sobre mim...sobre o meu corpo!
E tu ficavas aborrecido, de verdade, e ias-te, não sei para onde, durante uns tempos...
- Depois, voltavas como se nada se tivesse passado.
E eu recebia-te, nos meus braços, de igual forma.
Os tempos bons, contigo, eram mesmo bons. Dos maus, recordo os filósofos, todos, deitados na nossa cama a fazerem-me uma descarada concorrência...
E, apatece-me matá-los, um a um... (Mas já estão todos mortos pelo Tempo. Não pela memória colectiva.)
Haviam dias, em que quando me deitava contigo na cama, me sentia endiabrada e sem controlo!
- Ficava inspirada das ideias; e proponha-te coisas ousadas; e falava-te de outras coisas, só por uma questão de humor; de brincadeira; de folia...
Sim eu gostava de ser uma grande foliona, na nossa cama. E de ser endiabrada, na nossa cama.
Ás vezes dizia-te assim:
- Hoje estás murcho. Hoje não tomaste o Viagra. Hoje estás " muito pouco homem" para mim.
- Quero que saibas que um Homem - à séria - para mim, toma uma caixa de Viagra, antes de me despir; de me assediar, nos sítios mais propícios; antes de me explorar, nos sítios mais necessários de serem explorados... Ouviste?
E tu que eras um divertido e um grande farrista, quando faziamos sexo, (e fora do sexo,) viravas-te para mim, muito sério, e dizias-me assim:
- O Viagra tu dou eu!
- Agora vais pagar, com língua de palmo, essas provocações que estás a debitar.
E saltavas para cima de mim e pronto.
- Eu não dizia mais nada. Eu só fazia coisas; só recebia de ti o mesmo; só pedia mais; só dava mais e mais... Até te gritar que não aguentava mais nada... Até te implorar - basta!
No fim, quando exaustos e suados nos deixávamos cair, para o lado, tu ainda me dizias mais isto:
- "Pequenina", se um frasco de Viagra não te consola eu tomo dois. Mato-me por ti, mas pronto... ficas satisfeita.
E dormiamos, então, abraçados e em paz: de corpo e alma consolados.
O sexo, connosco, era sempre um exercício de amor e de humor. Era salvífico...
Recordo hoje os dias, plenos de amor, que vivemos!
Acabaram, é certo, mas vivemos - durante longos tempos - um verdadeiro amor, que era nosso; que ficou para recordar, no futuro inteiro.
Eu conheci-te e foi amor à primeira vista:
- Olhámos um para o outro; conversámos; passado um pouco estávamos a ter contactos de mãos, que se acariciavam ao de leve em cima da mesa; e, aquilo que era para ser um encontro de trabalho, foi um encontro de dois seres que se completavam um com o outro.
Combinámos jantar no dia seguinte. Depois desse jantar fomos para tua casa, aonde, após uma infusão de cidreira, saboreada entre carícias mais ousadas, terminámos depois na tua cama, o que estava inevitavelmente programado acontecer:
- Aconteceu uma noite de sexo absoluto! Um sexo arrebatado. Cheio de alegria e de prazeres partilhados.
Até parecia que já tínhamos feito tudo aquilo, vezes sem fim, os dois. Nada era estranho; tudo permitido; tudo ansiado; tudo conseguido.
Depois dessa noite que recordarei para toda a minha vida, muitas noites iguais se seguiram. Muitos "saberes" introduzimos naquele acto - tão normal mas tão requintado - que era o nosso sexo um com o outro. Um no outro.
Tu, que tinhas uma enorme capacidade de humor, por vezes dizias-me assim:
- Diz-me lá, minha odalisca, eu errei a profissão? Não achas que deveria ser «gigolo»?
Eu, que também te seguia nas piadas, respondia-te:
- Acho - não! Tenho a certeza que deves seguir uma "carreira," nessa área. Eu serei a tua Manager e tenho cinquenta por cento dos teus lucros... e mais a parte não profissional do teu corpo.
E depois riamos muito; voltávamos a amar-nos; bebíamos chá, como ritual de apoteose da festa.
- O chá, dizias-mo tu, era para lavar a alma, pois que os nossos corpos ficavam lavados um no outro.
Foram tempos de delicias, esses do nosso desregrado amor.
Agora, que ambos estamos mais velhos, o amor, desgastou-se. Falta-nos o fulgor dos corpos, sempre, incendiados um pelo outro... Os sonhos estão mais pequenos; os sentimentos também.
Naquele dia tu tiveste pena de mim e tentaste fazer de tudo, para que eu ficasse mais solta!
Viraste os teus olhos, na minha direcção; olhaste-me nos meus olhos, cansados; à queima roupa sugeriste:
- ""Pequenina" esquece o mundo, dos homens maus; entra no mundo do único homem que, neste momento, te entende, e quer que sejas feliz! Vamos para a borga."
E eu, que estava soterrada em problemas, todos grandes e a parecerem-me sem solução, anuí. Sem comentários, peguei no casaco, desci contigo no elevador, e,... a meio, o elevador parou.
Ao principio, fiquei meio stressada e agarrei-me a ti, com medo.
Tu, que és uma pessoa calma, fixe, segura e cheia de iniciativas, disseste-me assim:
- Agora, vão demorar a tirar-nos daqui; é quase meia noite; o porteiro já saiu; vamos aproveitar o tempo... A borga começa neste instante.
E, após teres tocado o alarme, puxaste-me para ti, pegaste-me ao colo; ajeitaste-te e ajeitaste-me e, segundo tu disseste - fizemos sexo ali -para matar a minha claustrofobia, não desperdiçar tempo, combater o stress, evitar que os meus problemas, se me lembrasse deles, me enervassem mais e se avolumassem! Tudo vantagens!
Juro que foi um momento de plena borga e à revelia, de qualquer lei do uso, devido, dos ascensores.
Estivemos ali fechados, uma meia hora, que deu para muitas coisas. Deu para rirmos; deu para darmos uma "queca"; deu para nos sentarmos no chão do elevador, à espera do "resgate"; deu para irmos, depois, comer um bife ao Café S. Bento e estarmos bem dispostos e libertos, o resto do tempo e da noite.
A nossa "borga" fez-me esquecer os meus insanáveis problemas, que ficaram à espera, para o dia seguinte.
Hoje que te lembro, nem sei porquê, sinto que eras um homem sincero, divertido, sem preconceitos e um grande dançarino. Um homem cheio de humor.
- Lembras-te das nossas noites?
Eu lembro-as, todas; e sinto falta das borgas. Sinto falta de pessoas como tu.
Eu estava na tua frente, a apaparicar-te, como era meu hábito!
De repente disseste-me:
- "Despe-me! Como se eu seja um presente, valioso, embrulhado num papel, vistoso; com uma fita artística, e numa caixa com vários segredos.
Despe-me devagar; com atenção e requinte; não estragues nada; e mostra-te deslumbrada com o que, por fim, encontrares, e que é para ti."
Eu, que era e sou uma grande "curiosa" iniciei de imediato o desafio:
- Despir-te como se fosses um presente? Um diamante em bruto?... Aceitei.
Comecei pelos sapatos, que atirei para o canto da sala; tirei-te as meias, pretas, até ao joelho; parei um pouco e massajei-te os dois membros locomotores; os dedos, um a um; o tarso e o metatarso; o calcanhar e os artelhos. Estavas rendido e a baixar a guarda.
Passei para a tua cintura, e, com um gesto rápido, saquei-te o cinto; saquei-te a gravata, às riscas, e atirei-a para detrás do sofá, aonde o cinto já estava a jazer...! Tu facilitavas-me os gestos e não comentavas o método.
Hesitei em tirar-te a camisa, ou as calças, em primeiro lugar!
Optei pelas calças. Fora com elas. Para detrás do sofá, com elas; e tirei-te a seguir a camisa, branca, com botões de punho; com calma desapertei botão a botão e,... para detrás do sofá com ela...
Estavas agora, reduzido a umas cuecas pretas, sexy, de algodão, marca Sloggy;
Então comecei eu a tirar a minha roupa; primeiro o vestido que te atirei para cima; depois o resto que te atirei para a cara; depois eu, que me atirei para cima de ti.
Tu, que eras e és um homem cheio de humor e bom raciocínio, disseste-me:
- "Pequenina" o "presente" está tão grande que, se não te apressas, perde-se "neste entretanto. Perdes tudo!"
Mas não se perdeu!
- Foi uma tarde de sexo; de fantasia; de faz-de-conta! Com Champanhe ao fim, e com petiscos diversos.
Tu eras o o Alibaba e eu era uma intrusa infiltrada entre os trinta e nove ladrões.
Roubei-te o "tesouro" e fiquei contigo na caverna.
- Os trinta e nove ladrões, estavam dispensados, temporariamente. Deras-lhes saída de fim-de-semana.
Foi uma festa; uma tarde de evasão; uma cena de filme para adultos! Bons tempos.
Hoje estou para aqui, a pensar em ti - o meu ex-amado, já despromovido.
- Um dia naquela viagem, que era para ser de celebração, da data do nosso namoro, de repente, por motivos externos, discutimos e já fizemos o caminho do regresso, em silêncio e ruptura.
Eu era louca por ti! Eu era uma verdadeira "cachorrinha" que te ia comer à mão; e que ansiava pelas tuas festinhas; e que adorava que me sentasses no teu colo; e me afagasses o cabelo...
- Eu entregava-me a ti de alma limpa; corpo oferecido; gestos generosos; inteira.
Mas, naquela viagem, que era para ser de passeios; excessos gastronómicos; fantasias sexuais; muito sexo; sexo de manhã, á tarde, á noite, e enquanto aguentássemos - tu, aquele homem por quem eu era uma teenager inconsciente; fã absoluta, decepcionaste-me, fatalmente.
O teu TLM é, neste desenlace, o teu maior inimigo; e tu és fanático e dependente dele; e vitima dele.
Éras capaz de te levantar da cama, a meio de um episódio de sexo, para ires ver quem te estava a ligar; e, ou vias e não atendias; e, ou vias e mandavas MSG,... e, voltando para a cama, recomeçavas tudo de novo, e dizias com ar enfastiado...
- Desculpa "fofa", coisas de serviço. Mas já os despachei...
Nesse dia em que te despromovi, eu fui uma mistura de inconveniente e de arrojada, e acho que fiz bem.
- Quando após uma tarde deliciosa; de passeio; de carinhos; de carícias; de beijos de toda a ordem, já no hotel, o teu TLM tocou, eu, aproveitei tu estares na casa de banho, e vi o que se passava, com aquele telefonema, que tanto te trazia sempre de guarda ao TLM...
E li a MSG que estava a chegar e que dizia assim:
- "Então meu "fofinho traidor", por onde andas? Estou à tua espera. Beijo-te todo. Cláudia"
Eu fiquei uns segundos quase para desmaiar. Mas recuperei a serenidade; e, quando saíste do banheiro, atirei-te com o TLM á cara, com toda a minha força e desdém; e disse-te que comigo não havia mais conversa; mais passeio; mais nada, de nada. Que estávamos com tudo acabado. Comecei a fazer as malas e tu não me demoveste.
Voltamos; deixaste-me à minha porta; sem um beijo; tentaste ligar-me duas vezes; eu não te atendi. E assim terminámos uma relação que, da tua parte, era uma farsa.
- Andavas comigo; fazias sexo comigo; dizias-me que me amavas!
- Andavas com outras; estavas sempre de cabeça no ar atento ao TLM; estavas sempre em contacto com elas; fazias sexo com elas.
Não te perdoo, até hoje, essa tua falta de carácter; e o que mais me custa foi que me fazias de "palhaça" e de pateta.
Ainda bem que a porcaria do TLM se partiu, todo, quando te atirei com ele. Esmacacou-se, tal o impacto ao cair no chão...
- Quase me ias matando por isso!
Espero que tenhas, cada vez menos, oportunidades de conquistas. A idade também conta, nessas matérias.
- E o dinheiro e o poder, ainda contam mais. Atraem as "piranhas".
Hoje em dia não tens nada disso... e a idade avança. Estás gordo e és careca.
- Será que ainda "montas" guarda permanente ao TLM?
Julgo que não. Ele não tocará já, tanto, amiúde. Acho que na actualidade serás um homem só. É a vida!
Olha! Com humor te digo:
- Reclama para a PT!
Não! Não me venhas agora pedir para ser mais meiga e mais sexy, contigo!
Eu faço, nessa matéria, tudo o que sei.
Claro que eu não sei nada de nada, que tu não conheças já de cor... Estou sempre a aprender a ser, mais insinuante; mais terna; mais atrevida; mais espontânea; mais exigente - na cama e fora dela - contigo e comigo. Tu és o «meu» professor do "Eu".
Quando nos conhecemos, era uma "maria vai com as outras," em matéria de sexo. Deitava-me e deixava o resto por tua conta. Não me empenhava no acto. Não me empolgava com sexo, nem com aventuras na cama. Fui educada assim!
- "Uma mulher nunca lidera: na cama e em quase nada" - disseram-me os que me "prepararam" para a vida.
Eu acatei, a contragosto, tal ensinamento - que julgo, vindo de quem vinha, seria bem intencionado...
Quando nos conhecemos - repito - eu era um "pão sem sal," e até julgo que gostaste de mim não sei porquê! De facto eu era uma mulher bonitinha, mas mais nada. Só tinha "minhocas" na cabeça. Fantasmas, papões, homens-do-saco, por todo o lado, dispostos a seviciarem-me se eu os questionasse.
Mas contigo, eu aprendi a revelar-me. Tu exigias que eu me rebelasse; que eu lutasse pelo meu lugar, de direito, na nossa relação.
E eu aprendi depressa. Não foi difícil passar a dizer-te como gostava das "coisas". Como queria que me amasses e cobrisses de afectos e meiguices, e me levasses à loucura e me fizesses devolver-te essa loucura. Dei-te tudo o que tenho.
Agora, que sou eu - na cama e fora dela - pedes-me para ser mais meiga e mais sexy, contigo!
- Eu já sou meiga o mais que posso; dou-te carinhos; dou-te atenções; dou-te presentes e surpresas boas.
E sexy? Pedes-me para ser mais sexy?
- Eu coloco as minhas roupas transparentes; eu uso saias justas e curtas; meias e cinto ligas; eu dispo-me com arte para ti... e danço para ti!...
Que mais queres agora, que eu te não tenha já feito e dado? Diz-mo.
- Terás que ser tu a explicar. Com amor e com humor, diz-mo.
Eu amo-te. Portanto, faço tudo por ti e por mim nessa matéria e em todas as outras. Não te acanhes, nem um pouco, por favor.
Quando te esmeravas, a preceito, ficavas tão cheiroso e tão bem-parecido, que eu ficava embasbacada, a olhar para ti! De queixo caído e a salivar.
- Ficavas um "gato doce"! Uma iguaria para gulosas!
Claro que eu sou suspeita, por esta tão alta avaliação. Gosto dos homens; gosto deles "estilosos"; gosto deles com ideias e opiniões; gosto deles com aquele "se" que me faz saltar a química - e me lembra de coisas que podem ser boas, e que podem ser proibidas - porque inacessíveis.
Mas tu eras o " meu gato doce"! Estavas ali, perto, e ao meu alcance e não ranhavas.
Nesses dias, em que ficavas assim, tão empático, com a minha química, eu caprichava no look, e, no mínimo, ficava à tua altura...
- Ficava uma "gata doce"com unhas cor-de-rosa e batom a condizer...
E, um casal de "gatos doces" faz ronrom, e festinhas, um ao outro; faz brincadeiras; e, mal se dá conta, está a dar uma volta pelo pêlo um do outro,...
- De alto a baixo e de baixo ao alto, sem contemplações.
E era isso que faziamos.
A roupas fashion escondiam uma roupa, interior, que merecia ser bem tirada. E era toda tirada.
Íamos para a cama e ficávamos em "pêlo" - dois gatos nus; e aí chegados, tu, que eras muito amigo de festa e festinhas, dizias-me:
- Vou fazer-te provar dos meus beijos, de "gato"; daqueles beijos que te vão fazer sentir, toda arrepiada; daqueles beijos que sabes que eu sei dar!
E davas-me beijos: doces e lânguidos; castos e libidinosos; em sítios vulgares e invulgares...
- E o sexo desejado acontecia! Era de nota "five".
Eu que sou grata à vida e a todas as coisas boas que ela me traz, no fim, dizia assim.
- Obrigada meu Deus, por teres criado o Homem; o gato; o meu homem; "este gato".
E desta forma divertida e clara, hoje te recordo.
Mando-te até um beijo, com uma ranhadela, suave, à mistura...
- Porque te foste embora?
Um dia ainda me hás-de contar. Usa do teu humor e faz isso.
Juro que não te levarei a mal, a sinceridade.
- Ah! E vem vestido à "gato doce"...
Eu estava deitada, triste e a chorar, abandonada, em cima da nossa cama.
Tu entraste no nosso quarto e, fizeste-me uma festinha, meiga, na face molhada pelas minhas lágrimas; e, com voz calma e reconfortante, perguntaste-me:
- Porque choras, "minha pequenina"?...
Eu, chorando agora, ainda, mais alto e com mais intensidade, respondi-te:
- Uma nuvem negra cobre-me por inteiro. Sinto-me arrasada de tanta tristeza. Hoje penso na morte! No absurdo que é a morte! E isso deixa-me confusa; triste; numa depressão do tamanho de mim.
Tu, que eras uma pessoa doce e muito amorosa comigo, beijaste-me e deitaste-te ao meu lado, a dissertar, em tom humorístico- de leveza descontraída - sobre o tema trágico que me apoquentava...
Falavas assim:
- Quando eu morrer quero que a "minha pequenina" não chore; quero que pense em mim e na maneira intensa como eu a amava; quero que nessa hora recorde o belo e estonteante sexo, que fiz, com ela, neste exacto momento!...Agora mesmo...
E, saltaste-me para cima, começaste a dar-me beijos e beijos e beijos; eu comecei a beijar-te; a beijar-te; a beijar-te, e, ninguém mais ali chorou, se deprimiu, se lembrou de que a morte existe, para todos num dia qualquer, aleatório.
No fim de tudo e mais tudo o que ali se passou, rematáste assim:
- Acabaste de fazer sexo com um morto vivo; escreve no meu epitáfio o seguinte:
"Amou muito. Tanto, todos, e de tal forma que que se esgotou. Partiu para sempre de barriga cheia."
Agora que te recordo, penso em como tu me fazias bem a tudo:
- Ao corpo e à alma. Nas alegrias e nas horas tristes!
Sinto muito a falta do teu sentido de humor.
- Tão libertador e tão oportuno.
Sinto falta do teu amor e das nossas cenas eróticas que acabavam sempre em actos consumados de bom sexo.
Sinto falta de tudo contigo.
Hoje evado-me assim, sem ti, mas com a tua doce e inspiradora memória.
Momentos sinceros e de evasão a dois.
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