Cansada de tudo e sem motivações de maior, na sua agenda dos divertimentos, foi-se dali, aonde as pessoas lhe pareciam todas felizes.
- Estaria a ficar invejosa da felicidade, que outros aparentavam?
Pensou para consigo e respondeu que não.
O que estava era farta de não encontrar alguém que a preenchesse em alguns itens fundamentais.
- Gostava de rir e não tinha motivo; gostava de sexo e não tinha o homem que desejava para ter sexo; gostava de namorar e não tinha namorado.
Estava nestas cogitações quando, ao longe, e, vindo ao seu encontro o viu!
- Viu um daqueles homens que parecem ter tudo o que uma mulher como ela precisava para ser completa!
Era giro; era desenvolto; era sexy; era próprio para lhe dar sexo - pensou secretamente para si e com os deuses - e ergueu a cabeça olhando-o fixamente... imaginando "coisas".
Quando se cruzaram ele nem a viu!
Ficou despeitada e ligou, mesmo ali, para aquele namorado antigo a quem "despedira" por inúmeros motivos.
- Ligou, mas ele não atendeu.
Estava cansada de tudo. Estava desesperada de tanta frustração.
Estava mas não seria por muito tempo:
- Decidiu que mudaria os seus critérios de escolha.
Antes um homem banal que homem nenhum.
Ficou mais serena e sem alegrias, para já.
Há cinco anos que não sabia fazer mais nada!
- Levantava-se e deitava-se, sempre e só, com um único objectivo: viver para viver, a sua paixão absoluta, julgava ela, por aquele homem a quem dava o seu tempo, todo...
Começava a questionar-se sobre o fim e utilidade de tal paixão!
E desta forma simples decidiu que já estava apaixonada, há tempo demasiado, por alguém a quem via, já, alguns defeitos.
Concluiu que seria muito mais útil se se dedicasse a coisas mais convincentes.
Nesse dia telefonou a informar-se sobre uma pós-graduação.
Queria ter a sua cabeça ocupada. Queria muita coisa que a paixão lhe não dera
Reparou que já raciocinava como se a sua paixão tivesse acabado!...
E, acabara mesmo.
Bastou-lhe parar para se pensar e viu o fim da sua paixão.
Os restos da sua paixão.
Só restos de paixão.
Desde que o conhecera andava inquieta!
- Havia qualquer coisa, de desagradável, no seu olhar azul, da cor do céu.
Era uma mulher que gostava de "olhares" doces. Este não o era, para seu mal.
Sentia-se por isso inquieta.
- Gostava de se lhe entregar - de corpo e só corpo.
- Gostava de experimentar, com ele evadir-se, e voltar ao seu modesto viver.
Não estava com um homem hà tanto tempo!...
E, perdida nestas considerações, reparou que estava atrasada para o seu primeiro encontro, "romântico," com ele!
Desceu as escadas a correr; entrou no carro; ligou o carro... que não funcionou.
Ficou frustrada e ligou-lhe para o avisar.
- Ligou uma, duas, três vezes. Nunca atendeu.
Voltou para casa, e, passados três dias ele ainda não tinha ligado. Não disse nada de nada!
Concluiu que tinha bons motivos para se inquietar.
Aquele olhar azul não era doce. Era tudo menos doce.
Podias, por um dia ou uma noite, seres o homem por quem espero!
- Deixares de representar a tua vida e passares a ser tu, sem subterfúgios!
És um "boneco" de ti mesmo. Passas o tempo todo a fingires um papel que não é o teu.
E por estas coisas há muito que eu deixei de confiar em ti.
És uma personagem que me não arrebata, numa peça de teatro que não faz furor.
Era preferível que fosses linear.
- Linear e singelo.
Eras então menos interessante, mas autêntico.
Não és o homem por quem espero. Assim não o és, de todo.
Por favor, ouve-me com atenção!
Nem sempre faço questão de que me escutes, ou dês importância, mas hoje necessito que o faças.
Acordei com vontade de fazer as pazes comigo e contigo.
- Comigo porque sou uma pessoa ansiosa e que dá cabo de tudo o que tem, de bom, ao seu alcance.
- Contigo porque, com este meu feitio, tu já há muito me puseste de parte.
E hoje eu quero dizer-te que gostava que me voltásses a dar uma oportunidade.
Gostava de te mostrar que ainda sou capaz de te surpreender pela positiva.
Gostava de poder voltar a dizer-te, "amo-te," com verdade.
Gostava de ser uma pessoa normal; com um amor normal; por um homem muito especial.
Tu és esse homem!
Devias ouvir-me e dares-me algum desconto.
Todos os dias que vivemos juntos, eu te disse- na esperança de que me retribuísses- AMO-TE, de muitas maneiras.
Ficavas alheado e as minhas palavras não te causavam qualquer reacção.
Eu fui ficando, cada vez mais insegura; fui dizendo "AMO-TE" com menos convicção...
Até que um dia te disse o contrário:
- Odeio-te!
Abriste muito os olhos e continuaste a ignorar-me.
Nesse mesmo dia te deixei.
Não queria viver com um homem que não sabia reagir ao Amor e ao Ódio.
- Um insensível homem das cavernas.
Continuo a achar estranha a tua forma de viveres a tua vida:
- Sem reacções nem emoções visíveis.
Um bloco de gelo.
Namoramos há anos!
Temos tido altos e baixos, na nossa relação!
Até já vivemos juntos... e, até, já deixámos de viver juntos.
Não posso dizer, neste exacto momento, que estou morta por me casar contigo!
- Prezo muito a minha independência; mas sei que tu não gostas disso.
Já por vezes conversámos sobre este assunto.
Tu és daqueles que gostam das mulheres "submissas"; que se apagam para que o seu Homem brilhe; que se dedicam aos encantos do lar e da maternidade.
Eu penso doutra maneira. Penso que posso ser EU; e ter filhos e gostar do meu homem; e continuar com a minha vida, de Ser útil, à sociedade, com a minha profissão que adoro...
Hoje falaremos destas coisas; falaremos com jeito...
- Primeiro namoramos, um pouco; faremos aquele sexo maluco que tu tanto gostas e eu adoro; bebemos uma garrafa de Sidra, muito fresca, na cama, depois... e conversamos sobre o nosso futuro.
Talvez cheguemos a um consenso.
Por mim podes ir; podes ficar; podes morrer!
- Sabes de que lado estou!
As tuas malvadezas deram-me cabo da tolerância. Já não sei, sequer, o que essa palavra quer dizer.
Deste-me tantas razões para te afrontar, que só me apetece escorraçar-te da minha Vida, toda, para sempre.
Foste o homem que mais me traiu!
Que mais me mentiu!
Que mais me desconsiderou.
Traíste-me no sexo que fazias com as outras; traíste-me nas mentiras que me contavas quando chegavas de ao pé delas;desconsideraste-me quando, ainda assim, dizias que me amavas e querias ter sexo comigo.
Eu fingi acreditar-te!
O tempo em que me enganei a mim mesma já lá vai.
Sei quem tu és.
- E não me interessa o que se passa ou passará contigo. Podes até matar-te...
Detesto quando estás comigo e ficas a "devorar" as outras, com esses teus olhos, que eu queria só para mim...
- Queria, mas não são.
Tu olhas para tudo o que mexe, e, é mulher.
E isso leva-me a embirrar contigo; a tratar-te com desdém; a negar-te carinhos e sexo; a achar-te um grande mal-educado.
Tempos houve em que só tinhas olhos para mim!...
- Dizias-me que não querias mais ninguém! Eu acreditava-te, então.
Mas isso foi só enquanto te não mostráste tal como és:
- Um homem comum; que procede como qualquer homem das obras, sem maneiras e um pouco alarve. Um bruto insensível.
És um incontrolado:
- No olhar e na má educação.
És um típico homem galdério. E homens galdérios é o que mais há no mundo.
Esforcei-me muito para ser a tua eleita!
Eras um homem que eu queria, para mim, há muito tempo.
Tu não o sabias... mas eu trazia-te debaixo de olho...
E assim, desta forma obstinada, como aqui te confesso, comecei a assediar-te - mas com moderação.
Aparecia nos sítios que tu frequentavas; sentava-me em lugares que abrangessem o teu ângulo de visão; vestia-me adequadamente a cada circunstância; e, ia sempre acompanhada por outro homem...mas sem compromisso algum com ele.
Um dia fui ao WC e, à saída, tu estavas à minha espera... fingindo um acaso que não era.
- Dirigiste-me a palavra.
Trocámos TLMs - e foi assim que iniciámos este namoro que agora vai, em velocidade alta, mas sem nos estamparmos...
- Já jantámos; já dançámos; já passeámos; já nos beijámos; já nos acariciámos; mas ainda não fizemos sexo.
Sei que é o que tu mais queres:
- O sexo é o que tu mais queres de mim!
E, porque te quero, muito mais que para sexo, vou relegar o sexo para um lugar, aparentemente, afastado.
- Vamos "petiscando" mas sexo a sério somente quando me amares mais um pouco.
Quero que fiques comigo para sempre.
- Quero-te demasiado e tanto que não te quero perder, pelo sexo.
Faremos isso quando for necessário a ambos - porque nos queremos para sempre.
Já pensei em deixar-te, mas não tenho coragem.
- Não tenho coragem para enfrentar o dia seguinte, sem ti.
Fazes-me falta!
Sei que não prestas, lá para muita coisa.
- Sei-o bem.
No entanto é melhor acordar com um homem ao lado que sem homem nenhum.
- É esse o teu mérito.
És o homem que dorme comigo; faz sexo comigo; acorda comigo.
És o homem que me atura.
- Como posso eu prescindir de ti?
Prescindir de ti seria ter que arranjar outro homem; deitar-me com ele; fazer sexo com ele; acordar com ele!...
- Seria começar tudo de novo... e eu não sinto coragem.
Não sinto em mim ânimo de qualquer espécie para experienciar aventuras novas; paixões novas; corpos novos; hábitos novos.
Contigo sei tudo de cor.
- E isso é que me incomoda... mas também me dá calma.
Cada dia que passava, gostava mais e mais, de ti.
- Gostava da tua voz, pausada;
- Gostava das tuas ideias, tão diversas das minhas;
- Gostava da forma como te vestias, formal ou informal;
- Gostava da maneira hábil como descascavas uma maçã, com faca e garfo, sem nada sair errado.
Um dia, tal como era de contar, avançámos para a cama.
Nesse dia em que fizemos, pela primeira vez, sexo, foi um momento tão atabalhoado; tão insonso; tão desacertado que algo me diz que foi por isso que, pouco a pouco, me afastei de ti...
- Até ao ponto de já não nos vermos, sequer.
Quando imagino uma nova hipótese de sexo contigo fujo para tão longe que nem eu sei aonde estou.
E por isso me interrogo:
- Conhecemos, realmente, alguém com quem idealizamos uma vida em comum, se nunca formos juntos para a cama?
A minha resposta é:
- Não sei.
Hoje em dia vejo-te como um homem comum; uma desilusão de homem.
O endeusamento terminou naquele dia em que nos estendemos juntos na minha cama. Nada foi bom.
Não que eu quisesse deitar-me com um deus... Mas as coisas podem ser muito desagradáveis. E foram.
. Contos (8) - Sem alegrias...
. Contos (6) - Restos de pa...
. Quero-te para muito mais....
. VIAGEM A PARIS E (DE GRAÇ...
. Diário de Rita... o beijo...