A doença é uma enorme "chatísse"...
Quando nos toca a nós, ou aos que amamos, é mesmo uma coisa atroz. Chegamos a desesperar, a desacreditar, a querer que tudo acabe, se o sofrimento for grande, duradoiro e sem saída.
Nessas horas sofremos pela doença que temos e sofremos com a saudade da saúde que tivemos e que não almejamos.
A doença grave é um inferno em vida.
A doença é uma grande tortura a que qualquer ser humano desejaria poder escapar.
- Por vezes não se consegue.
A doença faz parte da lista das coisas impensáveis, quando temos boa saúde.
...
Uma casa bonita e harmoniosa, aonde me sinta confortável e segura;
Um canto acolhedor, aonde me sente a ler um livro e me evada, por momentos;
Uma estrela no céu, numa noite sem luar, que me indique uma rota a seguir, sem me perder;
Um croissant, estaladiço, e um café preto, bem quente, ao pequeno-almoço e que me conforte ao acordar;
Um homem perfumado, com um bom perfume, e, que sem exageros, me aperte contra o seu peito e me diga uma graça, inofensiva, que me deixe feliz e desanuviada;
Uma mulher bem arranjada, dos pés à cabeça, e sem ser emproada nem vedeta;
Uma criança espontânea, que se agarre a mim aos beijos, e me despenteie e me lambuze a cara;
Uma cama limpa, bem feita, aonde possa dormir, bem, todas as noites;
Um carro simpático, que me leve aos sítios de que gosto, longe, muito longe... e me traga de volta;
Um concerto de música clássica;
Um peça de Harold Pinter;
Não pensar, por alguns instantes,... e voar;
Coisas sem importância, de maior, nem valiosas em euros ou dólares...Coisas simples, mas dificeis de obter, como estas aqui expressas, fazem-me feliz;
Ah! Gente boa faz-me imensamente feliz! Adoro gente boa.
Não se faz nada, hoje em dia, que revele tanta emoção... e nos dê tanta melancolia.
São músicas e vozes intemporais. Com uma força brutal! Um verdadeiro arraso.
São estes momentos, que colocam em dúvida o «efémero» das coisas.
Pois é! Hoje é sábado e é também - já - o fim do mês de Maio... Estamos quase no Verão e ainda «ontem» foi Natal!
O tempo escraviza-nos ao seu ritmo, veloz, e nós não lhe resistimos. Não sabemos fazê-lo!
Pronto! Já sei que alguém vai dizer que o tempo está lá e que nós é que somos escravos das nossas opções e formas de o usar! Que nós passamos pelo Tempo! Que nós somos finitos.
- É certo!
Mas há pouco, ao passar ali na minha sala, ao pé de umas fotos antigas, detive-me, uns instantes, a contemplá-las e a localizar, "no tempo", aqueles instantes que representam.
Fiquei nostálgica e à beira de uma enorme tristeza; pelo simples motivo de que todos os momentos que nelas consegui rever, me pareceram de épocas que eu não conheci! De tempos tão distantes, em que eu não existia, ainda, sequer!... E, espanto dos espantos, em algumas delas estou eu... E, ainda maior espanto, sei que passaram só uns dez anos, sobre mim e aquela época.
E foi assim que eu fiquei a pensar que somos escravos do tempo.
- Somos escravos porque não conseguimos desligar-nos de datar as coisas, e de nos situarmos nessas datas. E é assim que, sem qualquer contemplação ficamos a saber que envelhecemos e que não há remédio que cure essa mais que óbvia incomodidade.
Envelhecer é uma grande incomodidade!
Sei, também, que muita gente faz charme e diz que está aí, para lavar e durar!
- Jovem aos cem anos!
Mas eu não me encanto nada, com um futuro de rugas, doenças, mazelas, limitações, discriminações, tolerâncias, (mais ou menos forçadas) exclusões,... e por fim e finalmente, o apagar, em mim, da memória de quem fui. Resignar-me àquilo em que me tornei.
Não! Não me encanto, mesmo nada, com isso; embora afirme com alguma ironia, que enquanto for dona de mim, e se lá chegar, serei uma «velhinha» muito arranjadinha; vaidosa; bem cheirosa e sem cabelos brancos! (desde que haja tinta, no mercado, para pintar os cabelos...) Mas nada disso fará de mim uma pessoa nova! Aquela pessoa enérgica e bonita que vejo nas minhas fotos.
Tempo e fotos pessoais não combinam, de todo! São uma enorme "maldade"...
...
Atreves-te?
Então faz o seguinte:
- Olha bem para ti. Pergunta-te assim:
- E que tal eu dar uma volta, geral, em mim? Um arranjo que se note? Um toque de fundo, que todos reparem e vejam?
Atrevo-me a que digam que enlouqueci? E depois? Que mal tem isso, se todo o resto, me fará bem! Se o lucro suplanta a perda?
Hoje mesmo direi adeus àquela que fui.
Hoje mesmo direi «olá» à que serei, daqui em diante:
- Uma mulher mais solta; mais popular; mais livre; menos formal; menos convencional e mais próxima de quem se aproxima de mim, querendo conhecer-me.
Atrevo-me a dizer e a afirmar que serei mesmo eu, daqui em diante, que verei na minha frente.
- A sorrir se tenho vontade; a chorar se for esse o caso, nesse momento. Serei autêntica e sem adornos.
As imagens que quis ser apagaram-se agora. Renasço, neste instante, para a verdade do que sou; do que sempre fui.
- Uma mulher simples; que gosta dos outros; que sofre como qualquer um.
Ps: Rita acabou as suas reflexões, sobre «autenticidade» e foi-se dali; foi-se com a ideia de que, todos, representamos o dia inteiro e ficamos cansados disso... Mais tarde ou mais cedo, ficamos cansados.
Imagina-te sem jeito, nem alegria, nem nada...
É noite; estás só e vagueias pela cidade.
De repente entras num bar, cool; abrigas-te do frio; pedes um chá, de jasmim e uma tosta mista, e, enquanto saboreias ambas as coisas, ouves Jamie Cullum, ao piano, a tocar e cantar, "What a Difference a Day Made"...
E consegues então imaginar que tudo aquilo faz sentido e é teu e para ti...
E ficas feliz, quase mesmo à porta do paraíso.
Atreves-te e entras...
- Tu fizeste a diferença no teu dia. Tu foste a tua diferença...
...
Virou a face, para o lado donde vinha chegando o metro e deu de caras com ele!
Olharam-se, olhos nos olhos.
Sem espantos nem cenas inadequadas. Não se cumprimentaram; não se interpelaram; não se abraçaram; não se aproximaram um do outro,... sequer.
O metro parou. Abriram-se as portas e ela entrou... a correr e sem olhar para trás.
Talvez que ele seguisse, consigo, no mesmo comboio!... Talvez que ele tenha ficado na plataforma, esperando por um outro comboio, que siga noutra direcção diferente!...
- Talvez. Tudo é possível...
E à medida que o comboio rola, veloz, e se aproxima da paragem, onde Rita sairá, Rita passa em retrospectiva aquele seu amor do passado distante; findo; exausto; desgastado,... e morto pelo tempo.
Sim! Os amores são como as pessoas:
- Nascem, crescem, vivem, envelhecem e finam-se.
E o comboio parou e Rita foi-se dali, a correr, porque é assim a sua vida.
- Passada a correr, de um lado para o outro.
Tanto nos amores como nos desamores:
- Pelo trabalho e pelas pessoas, sem importância, com quem se cruza, temporariamente.
Só a vida em si mesma, nos deve merecer verdadeira atenção e total disponibilidade. Não o seu percurso.
(Conclui, por fim. Sem dramatismo e enquanto corre...)
...
Esta canção, conforme o meu estado de espirito no momento, ou me dá boas vibrações ou, pelo contrário, me deprime...até à fossa total.
- Adequa-se, portanto, ao meu sentido de perda, ou de triunfo e posse, sobre as coisas, pessoas, etc. e faz-me sentir bem e mal.
Mas na verdade esta canção é, para mim, sempre e inevitavelmente, um momento «ZEN,» já que consegue arrebatar-me por instantes e deixar-me a pairar por aí...ao sabor das palavras cantadas por Whitney Houston.
E, depois, quem não gostaria de saber amar alguém sempre,... e para sempre? Com verdade, transparência e prazer total e absoluto?...
Quem resistiria a isso?
Há coisas boas, simples, que me acarinham as entranhas; com as quais me sinto confortável e pacificada - por dentro e por fora de mim.
São coisas banais como, por exemplo, ir a um sítio qualquer e encontrar lá álguém que saiba ouvir-me, ou que saiba expor-me as suas ambições ou constrições, com sobriedade e sem ser impositiva e excessiva no léxico. Alguém que saiba conversar e dar atenção aos outros!
- Mas aquilo que me constrange e perturba é, exactamente, só quase encontrar, o contrário disso mesmo!
O que me perturba são as pessoas que falam, falam, falam, sempre e repetidamente, das suas frustrações, dos seus sucessos, parcos e inventados, e que, tal qual metralhadora, em mãos ágeis de louco descontrolado, ficam fora de controlo e massacram-me a cabeça, de tal maneira e a tal ponto que, só quero fugir dali para bem longe; para um sítio de silêncios vários, aonde dialogue com a minha alma, serena, e oiça o chilreio dos pássaros como música de fundo...
E assim vos digo o seguinte:
- Não cansem os outros com as vossas pequeninas infelicidades!
Arriscais-vos a que nas grandes infelicidades, que certamente tereis um dia, não tenhais uma só e única pessoa, para vos ouvir...com atenção e disponibilidade sinceras.
E o que me perturba é isso:
- A enorme solidão a que, inevitavelmente, estareis votados/as, nessas horas más.
Neste mês de Maio, que deveria ser de flores e sol a rodos, temos tido, isso sim, um »Pai Natal« fora de época e que não se cansa de nos poisar na chaminé...
Todos os dias os «presentes» são maiores e mais diversos:
- Aumento de todos os impostos; aumento dos transportes; redução das deduções no IRS; aumento dos spreads bancários; diminuição do dinheiro vivo na nossa carteira; revisão das leis laborais; e por aí fora, tudo mais do mesmo e sempre a «bater» no "Zé".
Há imensos anos que não se viam umas «Boas Festas» destas, com um »Pai Natal» tão «generoso», tão incansável, e tão parcial.
É que a mim parece-me que, quem ganha acima de cento e cinquenta mil euros, por mês, não lhe deverá fazer muita diferença pagar mais cinco por cento de IRS...Ao passo que uma pessoa que ganhe mil euros, e que já tinha que fazer contas e contas, para que o dinheiro lhe chegasse, com estes aumentos todos, fica no caminho da quase indigência ...
- E alguém que viveu dignamente aceita, ver-se na miséria, sem saber como nem porquê?
É que aqueles que nos conduziram para este »Natal« em Maio, são os mesmos que agora andam a dizer-nos que temos que viver com mais modéstia!!! tentando assim fazer-nos acreditar que, os culpados disto tudo somos nós.
- Somos uns perdulários e uns gastadores, dos dinheiros que ninguém nos diz para onde «voaram» e que eram para desenvolver a nossa economia e fazer de nós um País desenvolvido.
E a mim, o que me espanta é ouvir governantes a afirmarem que "não se esperam confrontações" pois que Portugal não tem essa tradição!
Até penso que ainda não viram tudo:
- Nem os nossos governantes;
- Nem os portugueses, que irão ter tempos muito dificeis e que são quase todos.
Aguardemos portanto os meses que se seguem:
- Sem acesso ao crédito; com mais impostos; com tudo mais caro; com os encargos previamente assumidos a ficarem no incumprimento.
Aguardemos, portanto, o fim deste «Natal» em Maio, "maduro Maio"...
A Bárbara Guimarães ao apresentar os Globos de Ouro, ontem, tinha tanta "piada" como eu, quando estou com dor de dentes.
- Tudo demasiado penoso e artificial.
A esta hora, em que escrevo, disputa-se um jogo que é, no minimo, assimétrico:
- De um lado os melhores de Portugal e até, alguns, dos melhores do Mundo;
- Do outro lado a selecção de Cabo Verde!
Portugal versus Cabo Verde!
Cabo Verde é um País singular. Tem altos indíces de escolaridade e alfabetização e é um dos países mais pobres de Àfrica.
Podemos acrescentar que Cabo Verde é um País de imigração.
Se me perguntarem por quem eu torço, nesta hora em que escrevo, a resposta sincera é:
- Torço por Cabo Verde.
Sempre que alguém faz o seu melhor; dá o seu melhor;é profissional: é digno; é sofredor; é desportista; é tão exemplar como os outros apesar de ser pobre, e de não ter meios, eu, incondicionalmente, estou a seu lado.
E é por estes motivos que eu hoje estou com Cabo Verde.
Se ganhassem à nossa Selecção, seria uma enorme vitória e um incentivo para eles; e mais a prova concreta de que, em desporto ,o que importa é ser apto, profissional, ter capacidade de sofrimento e de arrojo; não ter medo de ser o melhor e ser ousado; ser "Special" naquele momento.
O resto, os milhões, só interessam a quem os ganha e a quem se governa à sua conta.
- De desporto, têm pouco a ver...
Ps: Daqui a uns tempos, quando começar o Mundial, claro que estarei, pelos mesmos motivos, com a nossa Selecção.
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